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Faça uma pausa para dois dedos de boa conversa com: The Body Shop

The Body Shop é uma marca de beleza pioneira no activismo corporativo e foi criada com a filosofia de que um negócio pode representar um impulso positivo. Com uma vasta gama de produtos para o rosto, corpo, maquilhagem e acessórios, é sobretudo conhecida pelo grande público por ser uma marca 100% vegetariana, 60% vegan e contra os testes em animais, e pela sua politica de comércio justo.
Agora, a The Body Shop Portugal, junta-se à Dress For Success Lisboa na doação de 300 Success Kits no ano de 2019,  e 150 kits (mais pequenos) nos próximos anos.
Fomos falar com Selma Manjee, Digital Marketing & Communication da The Body Shop Portugal, para saber mais sobre esta parceria, ficar a conhecer melhor a empresa e a Mulher que a representa.

Como surgiu a ideia desta parceria?

Esta parceria surge sobretudo da vontade de actuar mais localmente, porque sabemos que a proximidade é um factor muito importante para que as pessoas se possam identificar com as causas que apoiam.

Não é muito a nossa política Internacional, uma vez que a empresa defende e acredita que para se ter um impacto verdadeiramente positivo, normalmente temos de o fazer em escala – como por exemplo como fazemos com o nosso Programa Bio-Bridges, que é um programa de reflorestação de árvores em vários pontos do mundo como a Malásia, Vietname e índia. No fundo, tentamos sempre que todos os projetos de todas as lojas dos 60 países onde estamos contribuam para essa causa.

Mas apesar de não ser possível mudar a campanha de base definida, é possível propor campanhas locais. Foi o que fizemos o ano passado! A nossa campanha global tinha a ver com a reflorestação de uma floresta no Reino Unido e na Arménia, mas como Portugal teve imensos fogos, não me fez sentido fazer esta campanha sem focar Portugal também. Por isso criámos uma campanha local e juntámo-nos à Associação Plantar uma árvore, e fizemos um jogo de sustentabilidade, em que por cada dez jogadas, plantávamos uma árvore em Portugal. Em fevereiro fomos plantar as primeiras 250, das 1000 árvores que temos para plantar em Portugal. Foi um jogo que durante um mês teve cerca de 10.000 jogadas, o que foi ótimo! E por isso este ano decidimos olhar um bocadinho para as organizações à nossa volta e ver o que fazia sentido tendo em conta as campanhas atuais.

E é aqui que surge a associação à Dress for Success Lisboa, correcto?

Sim, como este ano as campanhas são muito ligadas à mulher e ao empoderamento feminino, fez-nos todo sentido olhar para Organizações que tivessem os mesmo valores e objetivos que os nossos. Com o relançamento da nova linha de karité, e o lançamento de alguns produtos novos, há um grande foco na mulher, porque são as mulheres que produzem a manteiga do karité no Gana. Daí ter chegado à Dress for Success Lisboa, que é uma Organização já estabelecida e que é muito focada na mulher enquanto um pivot fundamental da sociedade.

Recentemente saiu um estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos, que retrata a situação de (muitas) mulheres portuguesas e as descreve como cansadas e exaustas em sobrecarga de trabalho pelo esforço de conciliação entre a vida pessoal e profissional e por um maior peso ( quando comparado com os homens ou parceiros) na divisão das tarefas domésticas.

Qual é que acha que pode ser o papel das empresas para contrariar esta situação? Como é que pensa que podemos combater este desequilibrio e promover um ambiente de trabalho mais saudavel para as mulheres?

Eu penso que se fala muito de igualdade de género, mas acho que se devia falar mais de complementaridade de géneros. A mulher engravida, amamenta, o homem não.  Existem diferentes fases no desenvolvimento tanto de um homem como de uma mulher, que os fazem forçosamente diferentes. Eu acho que essas diferenças devem ser tidas em conta pelas empresas, respeitando estas necessidades básicas e fisiológicas diferentes, e dando por exemplo, uma maior licença de paternidade ao casal. Mas obviamente tem de haver um foco maior na mulher. Na apresentação desse Estudo (onde por acaso estive presente), referiu-se que o homem e a mulher deviam ter o mesmo tempo de licença, mas eu descordo. Eu acho que a mulher tem de ter mais tempo, porque é a mulher que engravida, que amamenta, que tem o filho, e em média o corpo demora 2 anos a voltar ao normal. Por isso o papel das empresas passa muito por olhar para as mulheres enquanto mulheres e aceitar as necessidades destas.

Por outro lado, é igualmente importante dar oportunidades de crescimento a mulheres que já foram mães, aceitando que aquela mulher teve de fazer uma pausa, mas trabalhar para potenciar o seu regresso. Porque normalmente quando uma pessoa volta de um período de pausa, volta com muita energia, muita garra e muita vontade de fazer, e eu acho que as empresas estão a perder uma oportunidade aqui, porque as mulheres têm imenso potencial, estão com muita vontade de voltar ao trabalho e por isso há que pegar nessa vontade e potenciá-la.

Para além disso, e voltando à questão das diferenças entre homens e mulheres, é muito importante para uma jovem de 20 ou 25 anos que quer muito subir na carreira, perceber que o pode e consegue fazer. Porque o que ainda acontece muito é essas oportunidades não lhe serem dadas rapidamente ou elas terem de lutar muito mais do que os homens. Ou terem de abdicar de características mais femininas por medo de não serem levadas a sério, como se tivéssemos de parecer um homem para podermos singrar.

Por último, também muito importante ao nível ao papel das empresas é terem atenção aos horários de trabalho e à vida pessoal das pessoas.

A sociedade está em mudança e embora se tenham feitos muitos progressos ao nivel do body positivity, no caso das mulheres, a sua imagem, o corpo e o que vestem ainda é alvo de muito escrutinio e muito body shaming. O que acha que se pode fazer aqui de forma a influenciar positivamente e quebrar padrões de comportamento nas gerações mais jovens?

Enquanto marca, a esse nível, a Body Shop já faz um trabalho muito bom. Se olharmos para as campanhas, há uns anos já tivemos um poster com uma rapariga muito mais gordinha, e acho que a marca sempre tentou ser positiva relativamente às diferentes etnias e diferentes tipos de corpo, porque somos todos diferentes.

Penso que de uma forma geral, as marcas já estão a apostar mais nisso. Já vemos aqueles looks mais querky, com a rapariga com os dentes mais separados, ou o cabelo totalmente laranja. Mas acho que a sociedade ainda não acompanhou esta tendência. Eu vivi fora entre os meus 20 e os 30 anos e acho que em Portugal ainda falta muita diversidade.

Em que aspecto?

Se olharmos para a televisão, não vemos pessoas de etnias diferentes. Não existe um negro a apresentar o telejornal – agora houve uma novela ou outra porque Angola está na moda e trouxeram pessoas negras, mas no panorama geral, e como disse há tempos a Clara Ferreira Alves, existe uma espécie de código a que só algumas pessoas têm acesso.  Um código que não chega a pessoas de um background diferente ou que andaram numa escola diferente, ou porque as grandes empresas recrutam apenas nas universidades de referência, ou seja, acho que a nível empresarial tem de haver ainda muitas mudanças, porque se nós vamos sempre beber aos mesmos sítios, não há alterações.

Há alguns esforços nesse sentido, por exemplo, sei que algumas empresas como a Jerónimo Martins, já vão a várias Universidades, não vão só às Universidades de topo para recrutar, mas há ainda um longo caminho por parte das empresas a percorrer.

Depois, a nível de educação algo tem de ser feito também. Tem de haver maior diversidade para as pessoas se sentirem mais confortáveis porque Portugal está a mudar. Temos cada vez mais pessoas de outros países, e temos pessoas que nasceram cá, que são portuguesas, mas em que os pais ou os avós são originalmente de outros países. É importante que essas pessoas sejam incluídas em todos os elementos possíveis, seja nos media onde é super importante estarem, ou noutros sítios. Tem de haver quotas, eu sou uma grande defensora das quotas – há muitas pessoas que não são, eu sou, eu sou a favor da discriminação positiva.

Como assim?

Sou a favor de quotas de género e tudo mais. Não estou a falar de uma situação em que vamos recrutar uma pessoa e vamos querer 10 loiras e 10 morenas, nada disso. Mas o ponto aqui é que se começamos a incluir um sistema de quotas a nível de género, e a nível de escolas – não vir só de escolas privadas, vir também de escolas públicas, a nível de regiões do pais, vir doutras regiões, então começamos a incutir essa ideia de diversidade na sociedade, até que essa ideia começa por se espalhar e passa a ser o normal.

Mas resumindo, a nível de corpo e de imagem, acho que as marcas já estão a fazer bastante, mas acho que os media ainda têm de fazer mais, principalmente em Portugal. Porque os media são fundamentais. Depende deles trazer pessoas normalizar a diferença.

Recentemente esteve na moda o #10yearschallenge. Que conselho daria a Selma de há 10 anos atrás que lhe seria útil saber na altura.

Há 10 anos atrás eu tinha 25 anos (suspira: parece que foi ontem!) … acho que julgava muito facilmente. De lá para cá aprendi a ser mais empática, mas foi um processo. Um processo de crescimento sem dúvida, em que aprendi a ser mais aberta para os outros e ser mais tolerante, com pequenas coisas, a pôr-me mais no lugar do outro. No fundo aprendi a ter a mente aberta e deixar-me surpreender porque as pessoas são diferentes!

E o que gostaria que a Selma de 2029 nunca se esquecesse?

Eu não me queria esquecer que é nas pequenas coisas que estão os grandes prazeres. Acho que isto é o maior cliché que há, mas eu acho que nós focamo-nos imenso no grande, nas coisas grandes que podemos ter e naquilo que podemos ser, e o que podemos fazer para mudar o mundo de uma forma grande – uma ideia que também tenho muito, a ideia de querer fazer qualquer coisa para mudar o mundo, mas as vezes é nas pequenas coisas que mudamos mesmo o mundo de alguém e sei que isto é o maior cliché de sempre mas é nas pequenas ações diárias, o sorrir para alguém, ou ajudar alguém, o passar tempo com alguém, ouvir alguém falar… estas pequenas coisas, têm um impacto brutal na vida das pessoas, por isso o que eu queria é que daqui a dez anos eu continuasse a fazer as pequenas coisas que fazem a diferença na vida dos outros.

Uma mulher que a inspire? Ou que tenha mudado ou influenciado muito a sua profissão e percurso profissional?

Bom, mais uma vez um cliché, mas a minha mãe é uma mulher inspiradora para mim porque é uma mulher super forte, uma pessoa que criou 3 filhas, sempre com muita garra, trabalhadora, que sempre lutou muito por aquilo que queria e sempre nos incutiu que tínhamos de lutar por aquilo que queríamos, sempre!  E eu acho que sou uma pessoa forte, sou uma pessoa com uma personalidade forte graças a ela,  por isso ela no fundo é a pessoa que me inspirou a ser assim.

Depois, obviamente que tenho de referir a Anita Rodick (fundadora da The Body Shop), porque ela é realmente uma pessoa para mim inspiradora. Uma pessoa que partiu de uma ideia pequena e conseguiu transformá-la na marca que é hoje. Uma marca com mais de 40 anos, que continua no mercado, continua a ser ativista, continua a lutar pelos outros, através de Programas de Comércio com as comunidades. A Anita é uma pessoa que fez um trabalho incrível, e mesmo os colaboradores da The Body Shop que nunca a conheceram continuam o seu legado e a sentir que estamos aqui para fazer algumas mudanças e isso é ótimo.

Um conceito de beleza que esteja a precisar urgentemente um lifting? E que já não faça sentido?

Anti-rugas, para mim completamente!  Na The Body Shop não vendemos anti-rugas. Não vendemos a ideia de que uma pessoa vai ficar jovem para sempre, isso é uma coisa completamente anti natura! Nós vamos envelhecer todos! O que podemos fazer é tentar minimizar os efeitos do envelhecimento, mantendo a pele hidratada, nutrida (o que é diferente), e podemos fazê-lo tratando de nós. Podemos beber mais água, pôr um creme à volta dos olhos, mas isso não vai fazer com que as rugas não apareçam, elas vão estar lá sempre, mas nós também acreditamos que estes pequenos rituais de beleza fazem bem a nós próprias. Eu acredito mesmo nisto, que quando tratamos de nós, quando nos sentimos bem, isso reflete-se na nossa pele. Reflete-se nos nossos olhos e tudo mais. Por isso acabaria com os anti-rugas porque eles são completamente demodé

Um truque de beleza que nunca falha? Ou a melhor forma de cuidarmos de nós?

Eu sou muito adepta das máscaras faciais. A The Body Shop tem um conceito que é o multi masking que nem muitas pessoas conhecem, porque as várias partes do rosto são diferentes. Por exemplo, eu tenho a zona T mais oleosa e tenho a parte à volta dos olhos mais seca –  também porque já tenho uma certa idade! (ri-se) Por isso é muito importante usar uma máscara mais forte, por exemplo uma máscara de carvão na zona T (testa e queixo) e uma máscara mais hidratante e nutritiva na zona dos olhos e maçãs do rosto.

Eu todos os domingos gosto de fazer uma máscara! É o meu momento! Acho que todas as mulheres devem dedicar um momento a elas próprias. Há tempo para tudo. Muitas vezes escondemo-nos atrás da desculpa do “não tenho tempo”, mas temos de encontrar esse tempo. Temos de ser prioridade. A nossa prioridade! Só assim vamos andar mais felizes. E criar rituais para isso é uma parte essencial para nos sentirmos bem, bonitas e felizes!

Nota:

Os 300 kits que a Body Shop Portugal vai doar à Dress for Success Lisboa são compostos por:

1 x Champô 250 ml

1x Condicionador 250 ml

1 x Gel de duche 250 ml

1x Manteiga corporal 50 ml

1 x creme de rosto Vitamina E

1 x batom

 E têm um valor comercial de 56€.

Fotos The Body Shop

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