1- Como surgiu a DFS na tua vida?
Primeiro que tudo, eu acho que nada na vida acontece por acaso.
Já queria enveredar pelo caminho do voluntariado há algum tempo, andava a pesquisar algo que fizesse sentido – quer pela experiência, quer pelo projecto com que me identificasse.
Na altura estava na indústria farmacêutica, na área de Recursos Humanos (RH), e tinha dado os primeiros passos na vertente de Responsabilidade Social e do bem-estar dos colaboradores. Fiz algumas parcerias e numa delas, surge uma senhora que por acaso conhecia a Teresa Durão (Presidente da DFS Lisboa) e entre conversas, ela mencionou o meu nome.
A Teresa entrou em contacto comigo, marcámos uma reunião e quando me explicou o que era a Dress, tudo começou a fazer sentido. No final, disse “eu tenho que fazer parte deste projecto”. No dia seguinte enviei a minha candidatura para voluntária.
Comecei por ser chamada para o Mercado Salto Alto, até que senti que para mim o voluntariado não podia ser apenas isso, pelo que disse à Teresa: “Dê-me Trabalho! Eu acho que tenho de fazer muito mais do que isto”. “Se queres trabalho, então vais ficar Coordenadora dos Voluntários!”, respondeu-me. Comecei por fazer open days com eles e a partir daí, comecei a delinear quem queria continuar a fazer parte do projecto e, entre entradas e saídas e outros projectos que me foram propostos – porque isto é viciante e queremos sempre mais – fiquei com a coordenação do Professional Women’s Group (PWG), que me deu imenso gozo e pelo qual tenho um carinho especial. Depois fui convidada para fazer parte da direcção e quando dei por mim já era Vice-Presidente! Isto tudo num trajecto de sete anos.
2- Quem era a Filipa antes da Dress for Success® Lisboa?
A Filipa não é muito diferente. A Filipa de hoje é uma mulher mais realizada porque encontrou o seu propósito de vida, e encontrou-o na Dress.
O meu percurso sempre passou por lidar com pessoas, o ser humano é fascinante para mim, gosto muito de avaliar comportamentos e o modo como as pessoas interagem entre si. O percurso desenvolvido nos RH foi uma bagagem excelente para as responsabilidades que desempenho actualmente na Dress.
Mas faltava-me qualquer coisa: eu gostava muito daquilo que fazia e adoro aquilo que faço hoje em dia – se não fosse por isso, nunca tinha tomado uma das maiores decisões da minha vida, que foi deixar 17 anos de RH numa empresa sólida e abraçar um projecto pelo qual sou actualmente apaixonada mas que, ao mesmo tempo, acaba por ser incerto.
Uma coisa é trabalhar numa grande empresa estruturada em que se precisarmos de algo, temos outros departamentos que podem ajudar. Outra é estarmos aqui, em que estamos na linha da frente para tudo e onde reina a polivalência. Quem está numa associação, tem de ter uma polivalência enorme e isso enriqueceu-me muito enquanto profissional.
O trabalho que faço diariamente, o saber que estou a contribuir para mudar a vida de outra mulher, isso não tem preço!
3- Como é ser vice-presidente da DFS?
Rotina não existe! Por vezes tenho alguma dificuldade em dizer o que sou na Dress. Acho que sou um bocadinho camaleão: direcciono-me para aquilo que é pretendido.
Se estiver a falar da área da comunicação, sou Responsável pela Área de Comunicação. Se estiver direccionada para os voluntários, sou Coordenadora de Voluntários. Se estiver em contacto com alguma empresa, aí já sou Vice-Presidente. Vou desempenhando os vários papéis um bocadinho à medida: depende de quem está à minha frente.
Independentemente de ser Vice-Presidente, não tenho problema nenhum em ir recolher doações de roupa, acartar com sacos, fazer limpezas. Ou seja: não é a posição que diz “ela só pode fazer isto”, não! Isso nem sequer faz sentido. Se queremos motivar as pessoas com quem trabalhamos, temos que dar o exemplo (liderança pelo exemplo). Temos de saber como se faz para saber valorizar.
E como o projecto em si é tão rico no que se pode fazer diariamente, permite-me dar asas e andar de um lado para o outro. Isso dá-me muito gozo!
4- Qual o momento mais marcante da tua História com a Dress até agora?
Durante estes sete anos, tive o privilégio de passar por alguns desafios na Dress. Há dois que estou a 100% e, portanto, vivo a Dress com uma intensidade totalmente diferente. Eu diria que foi a mudança de instalações.
Foi feita debaixo de chuva, com toda a logística de empacotar cerca de 6000 peças de vestuário, o desligar daquilo que foi a história num espaço e começar algo novo para recebermos as nossas mulheres – criou um momento intenso e cansativo mas muito, muito gratificante. Deu-me um gozo enorme, dar vida ao novo espaço!
E depois da mudança, mudou tudo um bocado na Dress.
Às vezes é necessário, tal como na nossa vida, fechar ciclos e iniciar outros.
5- Como gostas de usar o teu tempo fora do trabalho?
Eu adoro apreciar cada momento da vida com os amigos e família – beber um copo, estar à conversa, dançar – e em simultâneo com o lado social, eu tenho de ter o equilíbrio do meu próprio lado, nesse sou muito mais reservada.
Adoro estar na praia, ler um livro, acordar de manhã e ir para o meio da floresta sentir todos os sons da Natureza. Preciso disso para me equilibrar e conseguir dar andamento a tudo o resto que é necessário.
6- Que palavra te define melhor? Não sejas tímida 🙂
Nestes últimos anos, aquilo que tenho defendido e feito o compromisso comigo própria: autenticidade. Ser fiel a mim própria. Aceito-me com todos os meus defeitos, que tenho muitos, mas também tenho muitas virtudes ( 🙂 ).
Quando estás em paz contigo, não necessitas de atingir a perfeição (isso gera um desgaste enorme) – simplesmente vais aceitando tudo aquilo que és e te surge com a idade.
Felizmente sinto-me bem!
7- Qual a mulher que é o teu Ícone, Exemplo e Referência?
Esta pergunta realmente faz-me pensar: quem é a mulher que lutou, que fez acontecer, que marcou pela diferença? Quanto a pessoas públicas…. gosto muito da Oprah! É daquelas mulheres que, tendo a história que teve, não baixou os braços.
Ninguém consegue ficar indiferente à imagem que criou, gostem ou não. Conquistou o seu lugar, investiu em si e não desistiu. Por um isso, é um exemplo e uma inspiração para tantas mulheres.
E é este o espírito que na DFS transmitimos às nossas mulheres! Independentemente da nossa história, há que erguer a cabeça e seguir em frente.
8- Confessa: és vaidosa?
Sou 🙂 Creio que todas somos um pouco e todas devemos ser!
Para sabermos cuidar de nós, acima de tudo. Se nos olharmos ao espelho, de manhã, e o primeiro impacto não for nada positivo e se soubermos que podemos fazer algo para que nos sintamos melhor, porque não?
É simples! Todas devemos ser q.b.! Se não fosse vaidosa, não estaria na Dress. Não podemos dizer a alguém que tem de cuidar da sua imagem se não o fizermos também.
A pessoa tem de ter a vaidade de se sentir bem com ela própria.
9- Quando eras criança, o que querias ser quando fosses grande?
Adorava ser hospedeira porque adoro viajar! Por mim, andava sempre de um lado para o outro num avião, conhecer novos costumes, lugares… mas a vida dá muitas voltas e sempre que vi oportunidades profissionais que faziam sentido para mim, arriscava. E todo o meu percurso profissional se baseia nisso.
10- Que sonho ainda está por concretizar?
Eu prefiro transformar os sonhos em objectivos, dá-me mais gozo porque assim sou mesmo obrigada a atingi-los. Aquilo que eu gostava de ter, tenho tido a felicidade de conseguir, como por exemplo: uma vez, disse que gostava de ter uma casa ao pé da praia, com kitchnet e lareira (super específico, num certo contexto). A verdade é que passados alguns anos, consegui! O que tiver que acontecer, a seu tempo, acontecerá. As coisas vão-se encaixando no percurso da vida.
Agora tenho outro, pode ser que daqui a seis ou sete anos… vamos ver. E quando acontecer, vamos todas recordar esta entrevista.
Todos nós devemos sonhar. Quando sonho em grande, gosto de descer um bocadinho à terra e desafiar-me a concretizar.
Filipa Gonçalves
Vice Presidente da Dress for Success® Lisboa