À Conversa Com Margarida Beja da H Sarah Trading

É dever de cada cidadão batalhar contra os abusos ambientais que acontecem no nosso planeta. Sabendo que a indústria da moda é a segunda mais poluente do mundo, devemos contrariar esta estatística.

A reciclagem têxtil e a criação de uma economia circular são pontos-chave para reduzir o impacto negativo do sector. É por isso que contamos com a ajuda da H Sarah Trading há cerca de 4 anos.

1-      Em primeiro lugar, qual o processo pelo qual os materiais recolhidos pela H Sarah Trading seguem?

A H SARAH Trading recolhe vestuário, têxteis-lar, calçado e brinquedos em equipamentos apropriados, distribuídos por todo Portugal Continental, ou nas instalações de entidades parceiras. Todo o material recolhido é encaminhado para a Unidade de Triagem da H SARAH Trading onde operadores especializados procedem à triagem e separação dos bens, por tipologia, nível de qualidade e material. Mediante o estado final, os materiais são encaminhados para doação (sendo redistribuídos pelas instituições parceiras, mediante necessidade e stock), valorização (exportados para fora da Europa, permitindo prolongar o ciclo de vida das peças) e reciclagem (encaminhados para transformadores que criam novos produtos através de fibras têxteis).

2-      Quais os benefícios reais que a reutilização têxtil tem tido em Portugal?

Em Portugal, esta é uma área em desenvolvimento, com crescentes preocupações por parte das entidades competentes e da população em geral, embora ainda fracamente legislada. De acordo com o PERSU2020, em 2017 foram produzidas cerca de 182 mil toneladas de resíduos têxteis, correspondendo a 4% do total de resíduos urbanos produzidos em Portugal. No mesmo ano, a H SARAH Trading recolheu aproximadamente 9 mil toneladas de vestuário usado, um valor que tem vindo a subir anualmente. Dada a dificuldade de decomposição destes artigos em aterro, todos os contributos para um outro encaminhamento representam uma mais-valia incalculável para o ambiente.

3-      A vossa expansão pelo País tem também contribuído para o desenvolvimento das comunidades locais. Como?

Atualmente, a recolha de roupa usada representa um importante contributo não apenas ambiental mas também social. Os parceiros da H SARAH Trading neste projeto beneficiam de apoio em géneros e monetários, permitindo a “troca” do vestuário usado que não conseguem redistribuir por géneros alimentares, produtos de higiene ou equipamentos, por exemplo.

4-      Resumindo, qual é a pegada que querem deixar em Portugal?

O objetivo principal da H SARAH Trading é contribuir de forma eficiente para o encaminhamento do vestuário usado em Portugal e a adoção de um sistema eficaz de recolha seletiva têxtil, à semelhança das restantes fileiras de recolha seletiva já existentes. É essencial consciencializar a população para a reutilização ou deposição seletiva, visando a diminuição da quantidade depositada em aterro e a extração de matérias primas para produção de novos produtos.

5-      Quais os valores mais importantes que vos unem a nós?

A Dress for Sucess tem como missão principal “apoiar mulheres a prosperar no trabalho e na vida pessoal”, um trabalho com impacto social importante. A capacitação social de pessoas através da doação de vestuário é um elo em comum entre a H SARAH Trading e a instituição, sendo um valor comum importante. Uma vez que ajudam as mulheres com vestuário usado, promovendo a reutilização, associam ao projeto uma forte componente ambiental, algo que é transversal às duas entidades nesta parceria.

6-      Que conselhos deixam a um público que quer ter um modo de vida mais ecológico e sustentável? 

Atualmente, existem diversas formas para contribuir para o correto encaminhamento têxtil, uma preocupação que contribuiu para um estilo de vida mais ecológico. A deposição seletiva destes artigos é o primeiro passo, garantindo que os têxteis são colocados em equipamentos próprios, não se misturando com os restantes resíduos, e seguindo o encaminhamento mais adequado. A entrega junto das instituições que recebem estes materiais também representa um contributo, não apenas social mas também ambiental, permitindo aos recetores o acesso a bens necessários. Por fim, é importante moderar o consumo excessivo de vestuário, promovido pela fast-fashion, e pensar em formas alternativas de reutilização, como a transformação home made

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