Em casa sempre usei roupas confortáveis, era daquelas pessoas que quando chegava a casa trocava as roupas por aquelas de «estar em casa». Tinha uma secção no meu roupeiro especialmente para guardá-las, aonde havia coisas confortáveis, mas não necessariamente favorecedoras, incluindo calças do pijama, t-shirts mais ajustadas, camisolas rotas, coisas que comprei, mas me arrependi ou roupas que ofereceram e que até serviam. Não importava muito, porque eram só para usar nesse pouco tempinho que costumávamos a ficar em casa e aproveitar para fazer as tarefas do lar.
Quando começou o confinamento, há já um ano atrás, fiquei empolgada de poder usar essas roupas o dia todo, mas com o passar do tempo tive de repensar se era mesmo correto, para mim mesma, vestir-me assim. Devo reconhecer que não eram estilismos que me faziam sentir bem, não era o resultado de um processo seletivo para ficar bonita, mas uma forma de tapar-me sem critério. Por outro lado, as roupas que usava não eram (na maioria) roupas que adorava porque eram pouco favorecedoras, que não me definiam ou que já estavam muito gastas, mas… eram muito confortáveis.
Cheguei a uma conclusão: o meu roupeiro não estava preparado para o confinamento, como a minha mente também não estava preparada para esta nova forma de vida. Tinha de repensar a «estratégia de estar em casa» procurando o equilíbrio entre sentir-me bem comigo mesma e, ao mesmo tempo confortável. Nós somos a nossa própria marca, e tinha chegado a um ponto em que precisava de redesenhá-la.
Comecei a destralhar as roupas de estar em casa, fazendo uma seleção tão estrita como faço com as roupas que visto para a rua. Tirei as coisas de que não gostava ou que achava que não me favoreciam. Pensei que merecia melhor do que usar uma camisola com buracos. Reclassifiquei o que usava no exterior para também usar em casa, sempre que fossem roupas confortáveis. Recuperei algumas calças de pijama ou de treino, combinadas com partes superiores mais bonitas. Assim sendo, com pouco esforço, mas com mais amor-próprio, comecei a sentir-me confortável e bonita.
Nas mudanças da vida, às vezes esquecemo-nos de que pequenos gestos podem influenciar muito como enfrentamos o dia. Se tu também usas o pijama todos os dias, a partir de amanhã, olha-te num espelho e põe-te bonita.
Mª Covadonga Aparicio Garcia
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