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Coffe Break: Faça uma pausa para dois dedos de boa conversa com Ana Morgado, Brand Ambassador na Bacardi Martini Portugal

Ana Morgado, é uma das 6 mulheres Bartenders Profissionais em Portugal. No incio do mês de Abril, a propósito do 7º aniversário da Dress For Success Lisboa, esta Martini Girl, criou um cocktail exclusivo intitulado Dress.

Faça uma pausa para conhecer esta mulher única que mistura, nas doses certas, doçura e ousadia!

Tens uma profissão invulgar para uma Mulher. Como é que te tornaste Bartender?

Na verdade, tudo começou por brincadeira! Quando tinha 18 anos, comecei a sair à noite com amigas minhas, para o Buza, que era uma discoteca cheia de glamour e tinha muito nome na altura. Mas não bebia!

Não bebias?

Não, trabalhava durante o dia e tinha que acordar cedo, e por causa dessa responsabilidade, não bebia. Mas o Gerente, como nós íamos lá frequentemente, engraçou comigo e perguntou se eu queria trabalhar lá. A princípio, respondi que não. Tabalhar à noite, claro que não! Mas ele insistiu, insistiu, insistiu, eu lá cedi e comecei a trabalhar lá, a servir copos.

E a brincar a brincar, já lá vão 10 anos!

Exacto! Eles é que me ensinaram a fazer tudo: whiskey cola, Gin tonic, não sabia o que é que eram, não sabia nada. Começaram a ensinar-me e eu lá fui fazendo. Trabalhei aí e no Art, que também era dos mesmos donos. Entretanto, um dos meus melhores amigos acaba o curso de Gestão Hoteleira e abre uma empresa, a Eventing, que ainda hoje está aberta. Começámos a fazer alguns eventos. A parte de Cocktelaria Alta e Mixologia, entre outros, foi tudo ele que me ensinou. Fizemos imensos eventos, Festivais (NOS Alive, Rock in Rio,…) até eu entrar na Bacardi.

Então a tua formação foi toda on the job. Não tiraste qualquer curso…


Correcto. Salvo curso de Marketing, o qual interrompi, foi tudo on the job. Comçámos a fazer imensos eventos e, entretanto, comecei a trabalhar em restauração mais a sério nos restaurantes todos do Olivier: o Guilty, o Avenida e o último foi o Petit Palais. Aí ganhei imenso conhecimento e aprendi a trabalhar com um público diferente, com clientes mais difíceis. Entretanto, ao mesmo tempo, trabalhei com a Eventing. Saí, trabalhei três anos com Olivier e saí para ir trabalhar com a Gin Lovers, no Principe Real. Foi fantásico, adorei trabalhar com eles. Lá, desenvolvi mais a minha parte de Cocktelaria. Já no Petit Palais tinha passado para Chefe e, quando fui para o Gin Lovers, fui contratada para essa mesma função.

E entretanto, participas num concurso.

Sim. Tinha recusado vários concursos que me chegavam às mãos, porque tinha muita vergonha e entrava em pânico a falar em público. E tinha medo das críticas dos outros Bartenders que eram melhores do que eu. Mas chatearam-me tanto, tanto, insistindo para ir, que acabei por aceitar e fui.

E ganhaste!

Ganhei! Ganhei a nível internacional, porque eramos 4 países a competir. Ganhei força e nesse ano fui nomeada duas vezes para “Melhor Bartender”, no Lisbon Bar Show, que é um evento que ocorre em Maio. No ano passado, estava a trabalhar com a Eventing para a Bacardi, a representar a St. Germain, quando o Diretor da Bacardi, Khalil Mansour, me abordou. Veio ter comigo, perguntou se eu gostava de ser a embaixadora. Respondi que não fazia ideia, que nunca tinha pensado nesse assunto. Disse-lhe que não tinha carta de condução e não estava a procura de trabalho, pois estava feliz onde estava. Ele insistiu, ligou-me mais duas vezes, mas arranjei sempre uma desculpa.

Tinhas medo do desafio?

Claro! No fundo, tinha medo de não conseguir enfrentar este projecto gigante, porque representar Martini é uma grande responsabilidade. Como diz a minha colega de Espanha, a Martini é um bicho muito grande e difícil de domar e eu tinha medo de não estar à altura. Mas a tremer, lá aceitei.

E que tal está a ser domar esse “bicho” ?

No inicio foi complicado porque é tudo muito diferente. Passar de Bartender para dentro de um escritório, e passar a representar uma marca, ter essa responsabilidade. É um peso que nós temos nos ombros. Mas estou a adorar! E todos os dias agradeço.

Esta área não deixa de ser uma área muito masculina…

Sim! Até mesmo para encontrar Bartenders, é uma das maiores dificuldades porque há muito poucas mulheres.

Consegues dizer quantas? Quantas mulheres Bartenders é que existem em Portugal?

Profissionais? Para aí umas 6. Que percebem mesmo e que estão na frente.

E porque é que achas que ainda há tão poucas?

Acho que é pela vergonha. Quando participei no concurso senti isso. Parece que não nos sentimos muito à vontade à frente do público. E depois há aquela ideia de que Bartenders é para Homens. A ideia que eles é que têm o poder! Mas não é verdade, não são só eles que têm o poder e isso prova-se.

O que é que dirias a uma mulher que esteja a ler esta nossa conversa e queira seguir as tuas pisadas, mas tal como tu tinhas no início, tenha medo e receio de o fazer?

Diria que não tem de ter vergonha nenhuma, nem medo de nada, porque é uma profissão igual às outras. Há sempre aquele receio e eu sei que é dificil, mas isso é da nossa cabeça só.

Achas que, em parte, esse receio tem a ver com o facto de ser um ambiente mais nocturno e por isso poder não ser encarado de forma tão “séria”?

Eu acho que hoje em dia já se começa a abrir portas para isso, porque na minha opinião, é super elegante ver uma mulher trabalhar atrás do bar, a fazer cocketelaria à séria. Não é os Gin Tónicos de Discotecas, não. É bares de Cocktails. O Red Frog, que é um bar de Cocktails, só tem homens a trabalhar. As únicas mulheres que trabalham lá estão nas mesas. Mas agora vão abrir um bar novo, o Monkey Mash e já vai ter uma mulher atrás do bar. E mesmo lá fora já se começa a ver. Já está a desbloquear um bocadinho. A World Class por exemplo, que é da concorrência mas pode-se falar à vontade, já houve uma mulher que ganhou. Há imensos concursos de marcas que são mulheres que ganham.

E que requisitios é que tu dirias que é preciso uma Mulher ter para fazer aquilo que tu fazes?

Humildade, que é o que a maior parte dos Bartenders não têm. Saber ouvir, que faz parte da humildade. Saber aprender com os outros, porque nós não somos a última coca cola do deserto, e ir para a frente e estudar muito. Todos os dias temos de estudar muito!

Tu, de facto, tens uma profissão que ainda é diferente… lá está, só existirem meia dúzia de mulheres a fazer o mesmo que tu , mostra que ainda há muita coisa por fazer nesta área. Algo que pode ser considerado como entrave para uma mulher que pretende entrar nesta área, para além de ter que constantemente provar o seu valor num meio maioritariamente masculino, é o possível assédio. Como é que se contorna isso?


Eu acho que a personalidade é muito importante. Eu não permito sequer que aconteça. Tem de haver um jogo de cintura. Ou seja, ser o mais simpático possível, óbvio, porque o cliente está a pagar por um serviço, mas não haver muita confiança, dar sempre algum espaço. Repara: de entre 3 meninas e 3 rapazes no bar, eu era a pessoa que mais fazia gorjetas. E não dava confiança a ninguém. Porquê? Porque o cliente chegava, não precisava de falar, e eu já sabia o que ele queria. Preparava tudo, ficava tudo impecável. Essa é a diferença. Eles percebem que as gorjetas que me davam não era para se fazerem a mim, mas sim pelo meu bom serviço. Isto vai-se apanhando, e aprendendo.

Para fazer face a essas situações, é fundamental teres confiança em ti própria. Uma pessoa mais frágil, é fácil resvalar para atitudes que, se calhar, não queres tanto, precisamente porque está mais insegura e tens medo de ser julgada.

Exato. Nem sabes como reagir… temos que ter segurança em nós próprios.

A Confiança é precisamente um dos principais eixos que a Dress For Success Lisboa trabalha e desenvolve. Porque é que te fez sentido seres Parceira e associares-te a este projecto?

Achei que podia servir de exemplo para as mulheres desta associação e inspirá-las com a minha história e a forma como enfrentei os meus medos. Por isso é que me interessei. Entretanto, numa reunião de embaixadores da Martini do mundo inteiro, ao falar com uma menina de Buenos Aires, soube que elas têm uma associação de Bartenders, só de mulheres, que achei muito giro. Achei que poderíamos fazer um link.

E relativamente à Imagem? A Dress trabalha igualmente muito a imagem porque temos noção do impacto que tem nos outros e a forma como pode influenciar o que pensam de nós. Nesse sentido, como é que tu vês a tua imagem? Acaba por ser a tua própria marca, certo?

Sim, claro! Mas uma coisa boa foi que quando entrei para a empresa perguntei que tipo de roupa é que eu tenho de usar, o que é que eles queriam que eu usasse. E a reposta que me deram foi a minha própria roupa! Escolheram-me por mim, pelas tatuagens, pelo estilo, pela pessoa que tu sou, pelo trabalho que faço nas redes sociais, sou eu. E as pessoas e outras marcas da concorrência acham que eu tenho tudo a ver com a marca, porque é assim mais old school, e é muito bom haver essa identificação.

Se tivesses de deixar uma marca, qual seria?

Não faço ideia! (Risos). Eu acho que deixei a minha pegada em todos os sitios em que passei a trabalhar, por trabalhar bem, por ser organizada. Pelo meu bom profissionalismo. Adoro ajudar pessoas. Adoro receber pessoas que não conhecem Portugal, acompanhar os bartenders de norte a sul, ver as dificuldades deles.

Se tu tivesses que fazer uma bebida, transformar os ingredientes que tu tens nessa bebida em competências, que competências é que inserias no shaker para ser uma profissional de sucesso?

Humildade, consciência, profissionalismo e paixão por aquilo que se faz. É super importante gostarmos do que fazemos porque se não gostarmos não somos felizes.

Para terminar, se pudesses escolher, quem gostarias de servir?

O Denzel Washington.

E uma mulher que te inspira?

A Angelina Jolie, porque já ajudou imensa gente, e ao mesmo tempo tem assim um ar de louca!

O que é que te fascina quando estás a preparar a bebida, o processo em si ou o resultado final?

O processo em si e a reacção de quem o vai beber. O que me dá mais prazer é utilizar ingredientes fora da caixa. Coisas que se utilizam para cozinhar por exemplo. Como xarope de presunto. Nunca, nunca faço o óbvio!

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