Diz a nossa blogger Filomena Gonçalves, que habita o planeta há 43 anos e que é Leão, de signo e de coração, talvez por isso, não há coincidências, a encante o Modernismo Catalão, e o seu conceito arquitetónico que coloca no centro animais ou pessoas fabulosas.
A sua entrevista é tão deliciosamente verdadeira que me tornei fã e por isso não me arrisco a criar uma narrativa ficcional que nos leve para um universo paralelo, até porque a nossa blogger, cuja paixão é a escrita, deu os seus primeiros passos na «fan fiction».
Atrevam-se a saborear esta entrevista e escutar a sua sonoridade, as palavras da Filomena são como um bom Vinho Nacional e tem os toques da guitarra excecionalmente executados pela própria.
Qual a coisa mais louca que já fizeste?
Esta pergunta é complicada porque acho que sou uma pessoa tão normal que por vezes até chateia. Por outro lado, a loucura é um pouco subjetiva.
Uma coisa realmente louca, seria um episódio numa empresa onde onde trabalhei, num ambiente muito formal, em que ao chegar ao dia 1 de abril, selecionei uma lista de colegas e enviei uma newsletter, com um convite para uma conferência com o José Mourinho, sobre Liderança. Marquei uma data, deixei o meu email para inscrições e os colegas foram respondendo de volta com algumas piadas. Mas a dada altura liga-me um colega do Norte a pedir ajuda para identificar um hotel em Lisboa que não fosse muito caro, porque viria com dois amigos assistir à conferência. Eu deixei arrastar a piada, até ele dizer que iria falar nessa tarde com a mulher e o chefe, para ver se poderia tirar um dia de férias. Nessa altura acabei por explicar que o email era uma piada por causa de ser o dia das mentiras. Ele ficou um pouco aborrecido, mas eu pensei que o assunto morresse ali.
Dias depois liga-me o chefe dele, que é um dos diretores de topo da empresa, a dar-me uma descompostura.
O grave nisto tudo é que não me arrependi minimamente e só não repeti a piada, porque não queria que uma brincadeira entre colegas fosse parar ao conhecimento do chefe.
Se todos os trabalhos pagassem exatamente o mesmo salário o que gostarias de fazer?
Nesse caso, gostaria de ser empreendedora de profissão, pois há ainda tanta coisa na vida que gostaria de fazer…, mas o problema da sustentabilidade pode ser um obstáculo. Sendo empreendedora iria experimentar extravagâncias como fazer pintura facial nas estações de comboio enquanto as pessoas esperam.
Ou algo mais normal como ser oradora motivacional, escritora de profissão, ou tudo em simultâneo, já que seria dona do meu tempo.
Quantos anos terias se não soubesse quantos anos tens? E porquê?
Estou na década dos 40 e para dizer a verdade estou muito confortável com a minha idade. Acho que, finalmente, posso dizer que estou a aproximar-me da idade da sabedoria porque, tendo ainda muito para aprender, já aprendi algumas coisas por experiência própria – com derrotas e conquistas, que é a melhor aprendizagem, na minha opinião. E há uns anos atrás não iria perceber bem isto.
Quais as regras pessoais que nunca quebras?
A nível pessoal não posso dizer que tenho propriamente regras. Tento reger-me pelos meus valores, por aquilo em que acredito. Acho que a ter alguma regra que nunca quebrasse, seria precisamente que «as regras existem para se quebrar»!
Se não precisasses dormir o que farias com o teu tempo livre?
Eu até gosto de dormir, mas se pudesse usar esse tempo para outras coisas, sem dúvida gostaria de ter mais tempo para mim e para aprender coisas novas e fora do habitual. Ou então para viajar mais, que é algo que muito valorizo e aprecio. De repente comecei a imaginar como seria a minha vida se, não precisando de dormir, fosse empreendedora, como falávamos anteriormente. Certamente iria dedicar-me a causas de carácter social e que fizessem a diferença na vida das pessoas, um pouco por esse mundo fora. E num instantinho encontrei a vida perfeita!
Porque decidiste ser voluntária na DFS?
Conheci a DFS Lisboa através da Vogue Portugal, quando a candidatura ainda aguardava a aprovação pela Sede, nos Estados Unidos. Anos mais tarde tive a oportunidade de conhecer pessoalmente a nossa querida Teresa Durão e foi excelente, porque me propôs de imediato participar em pequenos projectos que estavam a crescer nessa altura. Mas anos mais tarde fui desafiada para colaborar mais de perto com a equipa de Comunicação e acertámos que poderia ser uma das bloggers. Como eu gosto de escrever, aceitei com muita alegria. E depois de passar uma fase de colaboração um pouco intermitente, aqui estou com muita motivação e entusiasmo para colaborar com esta organização que tem uma missão tão importante no mundo e no contexto em que vivemos.
Entrevista feita pela Sandra Correia