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Gravidez: Estado de graça?

Será a gravidez um momento cor-de-rosa ou terá também o seu lado menos rosa? A gravidez é um período predominantemente de alegria, realização, uma bênção como muitas sentimos e que, como tudo na vida, também tem o seu lado menos simpático que deverá ser partilhado.

1. A gestação é um período repleto de alterações físicas

Como o aumento de peso, o cansaço, perda de memória, entre outras. O nosso corpo transmite-nos ao longo dos 9 meses que é necessário abrandarmos o ritmo, cuidarmos mais atentamente da nossa pele, alimentarmo-nos de forma mais saudável. Em resumo: o momento da gravidez é um momento em especial para cuidarmos de nós.

Para mim, é uma fase em que me sinto muito feminina, com os seios mais volumosos, o cuidado redobrado que dou à minha pele, os vestidos e camisolas justas que evidenciam a minha linda barriga que mostro como um rei orgulhoso mostra a sua coroa. Mesmo o andar à pinguim ou o levantar de tartaruga se tornam sexys. E sentir que o meu corpo tem a capacidade de gerar um novo ser, cria em mim um aumento exponencial na auto-estima.

Mas claro, também tenho os meus momentos de receios e dúvidas, como será a adaptação de toda a família ao novo membro (mãe de 2ªviagem), o regresso às fraldas e as noites sem dormir, a nova adaptação da dinâmica trabalho-família-casal-necessidades pessoais.

2. As transformações físicas são as mais evidentes mas ocorrem também a nível emocional e psicológico.

Numa primeira gravidez na mulher ocorre a integração da sua nova identidade, a filha e profissional passa a ser mãe. Esta nova mãe ao tentar manter o ritmo agitado, tal como antes da gravidez, nega a necessidade de se lidar com os novos desafios e de se criarem novas adaptações. Sendo também uma realidade que antes da identidade de mãe, existe uma mulher, com as suas necessidades físicas e psicológicas, que, estando satisfeitas, mais disponibilidade terá para abraçar o novo papel de mãe. A procura de um equilíbrio é uma ginástica constante.

Numa sociedade em que a perfeição é comummente valorizada, esta (que é imposta por nós mesmas) obriga-nos a estarmos permanentemente disponíveis para a casa, trabalho, filhos, telemóveis, amigos, etc… Nesta ilusória omnipresença cria-se desgaste acabando por não se estar realmente presente em nenhuma das áreas, gerando sentimentos de culpa. Pare. Respire fundo. Está tudo certo. Continue a ler, ganhe consciência e acima de tudo, aja.

3. “Gravidez não é doença”

Esta célebre frase reforça a crença de que nada deverá mudar no dia-a-dia da mulher, quando a gravidez e posterior maternidade requerem outros cuidados. É uma realidade esta nova vulnerabilidade na mulher e que todo o sistema social e familiar, como o parceiro, a família alargada, o trabalho, a comunidade, terão toda a vantagem em apoiar este novo papel da mulher.

Começa pela própria mulher em aceitar as suas mudanças e colaborar com elas, podendo passar na prática, por pedir ajuda ou mesmo dizer não quando necessário, propor novas rotinas diárias em casa e/ou no trabalho, dar-se tempo para si própria. A gravidez e posterior maternidade são um marco na vida da mulher que a convida a escutar e a respeitar os seus limites e necessidades, em resumo bem resumido, aprenda a amar-se.  Lembre-se, tem uma nova vida dentro de si.

 

Cláudia Marques

Psicóloga, mãe e eterna aprendiz

 

 

 

 

 

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