O apego refere-se aos laços emocionais que desenvolvemos com pessoas e animais, mas o apego também pode ser material, desenvolvendo uma vinculação emocional para com um objeto, pensando que nos traz segurança e felicidade, apesar de gerar, realmente, dependência.
A maior barreira no processo de organização é este apego aos objetos. Por isso, é importante começar por perceber, e retificar, a nossa relação com os objetos.
Li num livro de Francine Jay, Menos é mais, uma metáfora fantástica que compara a nossa gestão dos objetos a uma dieta. Podemos começar a organizar e destralhar tudo em tempo recorde para alcançar resultados rapidamente, mas depois começa uma sensação de privação e recomeçamos a comprar de forma compulsiva para voltar ao início. Pelo contrário, podemos analisar corretamente qual é a nossa relação com os objetos que nos rodeiam, para assim podermos mudar a nossa atitude e os nossos hábitos. Só conhecendo a nossa forma de nos relacionarmos com as coisas poderemos assumir o controlo sobre elas.
Apesar de, às vezes, não nos darmos conta, acontece adquirirmos objetos para atingir metas, seja comodidade, estatuto, tempo ou êxito, por exemplo. Com o passar do tempo, o objeto pode não servir. Mas, no processo de compra, desenvolvemos essa relação de dependência que nos leva a não conseguirmos desprender-nos da coisa, apesar dela já não ser útil.
Há alguns anos comprei uma bicicleta estática para fazer exercício em casa, porque não tinha tempo para fazer exercício no exterior e porque achei que era bom para mim, para a minha saúde, para ficar mais bonita e atrasar o efeito dos anos. Foi mesmo um grande desembolso e fiquei mega entusiasmada de a comprar. Porém, acabei por nunca a usar. Não encontrava o tempo, tive filhos, a minha vida mudou e deixou de ser algo que me motivasse. Ainda assim, não a deixava ir, e cada vez que a via sentia-me culpada por não a usar. Mas achava que a devia usar, e era uma lembrança constante de pressão psicológica. Cinco anos depois resolvi vendê-la, e senti tanta paz interior quando deixou de estar na minha sala! Só de uma coisa me arrependi: não a ter vendido mais cedo.
E foi assim que iniciei o processo de analisar a minha relação com os objetos que me rodeiam. Aprendendo com Francine Jay (leitura que recomendo), comecei a ser melhor gestora da minha casa, e a garantir que o que nela está são coisas necessárias, bonitas, que me trazem felicidade. Aprendi a dizer não às ofertas, a não guardar prendas de que não gostava (mas que agradecia, claro), a destralhar o que tinha perdido significado ou utilidade com o passar do tempo.
Aprendi a valorizar o meu espaço, e só abdicar dele por coisas que valham mesmo a pena.
Mª Covadonga Aparício Garcia
Blogger de Organização