X de Infinito: a história da Elba

Elba Cruz Ramos, beneficiária da Dress For Success Lisboa, formada em Direito e profissional no Ramo Imobiliário, fala-nos da sua história pessoal, os seus desafios e o contributo da DFS para a sua vida atual.

1. Fale-nos da sua vida atual, nomeadamente, qual é a sua situação e ramo profissional e também se tem um agregado familiar, etc.

Estou em Portugal já há mais de 10 anos… mas o meu país de origem é S. Tomé e Príncipe. Vim para Portugal terminar os meus estudos… sou licenciada em Direito, pós-graduada em Direito Fiscal e também fiz um mestrado em Ciências Jurídicas Criminais. O meu agregado familiar é formado por mim e pelos meus dois filhos; o meu companheiro não está permanentemente cá porque trabalha em S.Tomé… mas temos um vida familiar muito bem organizada porque acima de tudo estamos juntos e estamos sempre a lutar para o melhor.

Neste momento estou a trabalhar como consultora no ramo imobiliário. Quando recebi o convite fiquei assim um bocadinho reticente porque não era um emprego na área jurídica… mas nunca esperei que, posteriormente, pudesse conciliar as duas coisas. Estando a trabalhar como consultora, faz com que eu tenha de partilhar alguns conhecimentos jurídicos como, por exemplo, analisar os contratos, saber qual a informação correta a transmitir aos clientes, etc. Além de consultora no ramo imobiliário, também faço trabalho de consultora jurídica aos meus conterrâneos com dificuldade em se legalizarem em Portugal por falta de conhecimentos jurídicos ou informações corretas. Mas ainda continuo com o meu sonho de ingressar diretamente na área jurídica… nunca é tarde.

2. Como recorreu à DFS e porquê?

Tive uma fase menos boa na minha vida quando estava grávida do meu segundo filho devido a complicações de saúde… naquela época eu era uma “maria”, ou seja, era empregada doméstica numa casa particular. Já tinha terminado a minha formação em Direito mas ainda não tinha conseguido uma oportunidade para trabalhar noutra área que não as limpezas. Tinha de arranjar sustento; é um trabalho digno do qual eu não tenho vergonha. Aos sete meses de gravidez tive de vir de baixa médica e o meu contrato acabou por não ser renovado. Não tive outra opção a não ser recorrer à Assistência Social porque não tinha direito ao fundo de desemprego. Além disso, perdi a minha mãe nessa altura.

Foram as técnicas da Cruz Vermelha que me convidaram a participar numa formação do Centro de Emprego na Cruz Vermelha da Amadora; fui aí que conheci a Filipa. Para mim foi excelente, conhecê-la como pessoa e ter formação com ela. Todas nós, por mais formadas que sejamos, nunca somos 100% qualificadas para tudo… temos sempre necessidade de aprender outras coisas. Um dos brindes da formação era ter uma orientação de styling com a Dress For Success eu eu lembro-me de dizer à Filipa: “Eu não vou abrir mão; é um brinde e eu vou aceitar.”

Marcámos lá o meu dia de “madame” e eu fui ao “salão”. Eu já tinha o meu próprio estilo visual, mas a Ana lá da DFS ajudou-me a dar uns toques que faltava e olhar para o meu tom de pele, a forma do meu corpo, etc.

3. Come se sentiu após o seu atendimento?

Eu gostei muito porque, como disse, por mais que possamos ser formadas não temos conhecimento em tudo… conhecimento nunca é demais! Há pequenos trabalhos de casa que temos de fazer em nós mesmas que nem damos importância mas há sempre coisas que podemos melhorar. Por exemplo, se me estou a candidatar para um emprego de secretária de uma empresa, não vou para a entrevista como quem vai vestida para uma entrevista de empregada de café. São conhecimentos básicos mas que vieram enriquecer os que eu já tinha e, também, ajudar-me a organizar-me melhor em termos profissionais e ao nível da aparência.

4. Como avalia a sua auto-estima nos dias de hoje, considerando também a pandemia atual?

Mesmo estando a trabalhar em casa, eu gosto de estar sempre bem-vestida e bem apresentada. Mesmo usando máscara, nunca deixo de usar o meu batom. Mesmo com esta pandemia nunca deixei de me arranjar e de cuidar da minha aparência; procurei sempre cuidar da minha auto-estima. Além disso, agora que estamos a trabalhar em casa, temos na mesma reuniões e é importante manter uma imagem cuidada.

5. Quais são os ingredientes-chave para se sentir confiante como mulher?

É querer, não é só poder. Há muita gente que acha que é poder mas eu acho que é querer. Ou seja, se nós temos força de vontade própria, nós chegamos lá. Eu passei por muita coisa, muita coisa mesmo na vida e houve momentos em que eu duvidei de mim mesma; nunca pensei em desistir mas houve momentos em que eu pensei: “Será que eu consigo?”. Hoje penso: “Como é que eu fiz tanta coisa? Como é que eu estudei tanto?”. Na época em que estudava e até mesmo quando vivia em S. Tomé e trabalhava como Assistente Administrativa para a Santa Casa eu tinha brilho. Mas quando cheguei a Portugal eu apaguei-me, perdi o brilho, perdi mesmo; era uma frustração de trabalhar e trabalhar, limpar o chão, pagar a faculdade e ter um filho para sustentar. Mas eu consegui ultrapassar tudo! Foi um choque muito forte sair do nível de vida que eu tinha em S.Tomé para ser empregada doméstica… chorei muito e sofri mas nunca desisti porque eu via isto como um percurso. Era o caminho que eu tinha de percorrer para ser melhor ainda!

Por isso é que digo, não basta só poder, temos de querer. Quanto a gente quer, a gente pára, pensa e estuda os meios e os percursos a fazer para chegarmos lá. Mas quando a gente não tem definido na nossa cabeça o que quer, aí damos uns atropelos e nunca fazemos nada. Há também momento para vaidade e há momento para enriquecermos o conhecimento. Não foi fácil mas cheguei lá!

6. Das roupas que recebeu da DFS, qual foi a peça que marca a diferença?

(A Elba ri-se e aponta para a camisola que está a usar na entrevista). Esta peça faz parte do estilo de roupa que eu gosto. Transmite elegância, profissionalismo… gosto muito de usá-la.

 7. Recomendaria a DFS a outra mulher?

Sim, recomendaria. Como eu disse, a nossa imagem deve ser cuidada. Se nós queremos conseguir um determinado emprego também temos de cuidar a nossa imagem. Quando vamos para uma entrevista, tudo conta; a nossa forma de vestir, a nossa forma de falar… antes de nós abrirmos a boca, o primeiro contacto é a nossa imagem. A nossa imagem é o nosso cartão de visita, digo sempre isto.

8. Que mensagem quer deixar a todas as Mulheres que vão ler esta entrevista?

Que saibam aproveitar a oportunidade que a DFS oferece porque o que vão receber aqui é a base, ou seja, uma das ferramentas para chegar a um objetivo. Cuidar da nossa imagem é o passaporte para nós transmitirmos uma boa ideia da nossa pessoa. Portanto, acho que a DSF faz um ótimo trabalho ao dar oportunidade às mulheres que querem desenvolver na vida, conhecer outras coisas… e, acima de tudo, cuidar da sua auto-estima. Se querem ter uma imagem cuidada, então contactem a Ana da DFS!

9. Para si, ser mulher é…?

 Ser mulher é ser tanta coisa… mas ser mulher é gostarmos de nós próprias; resume-se em valorizar a palavra Mulher e o papel da Mulher. Mulher é mãe, é capaz… as mulheres têm uma força de vontade muito grande. Ser mulher é uma coisa maravilhosa! As mulheres têm um sentimento de maternidade… mulher vai além de tudo.

Não consigo expressar a Mulher numa só palavra porque falta-me uma palavra muito forte para definir o que é ser mulher. Ser mulher é poder, ser mulher é querer, ser mulher é ter um coração enorme.

Entrevista realizada por Ana Gonçalves em Julho de 2021

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